Rafael Nadal venceu pela segunda vez o US Open depois de mais um encontro... fabuloso frente ao seu grande arqui-rival, o sérvio e actual nº 1 mundial, Novak Djokovic. Com este triunfo no Arthur Ashe Stadium, "Rafa" chegou aos 13 Grand Slams, e agora só tem Pete Sampras (14) e Roger Federer (17), à sua frente na tabela dos maiores vencedores dos quatro Majors.
Foto Associated Press |
Ao cabo de 3 horas e 21 minutos, Rafa Nadal "assinou" mais um feito histórico derrotando o sérvio e (ainda) nº 1 mundial numa exibição em que deixou bem claro a sua excelência, não só em termos físicos mas também em termos técnico-tácticos. Longe daquele jogador que coloca apenas a bola do outro lado da rede, Nadal mostrou uma vez mais toda a sua vontade de vencer num ténis (esse sim), baseado na sua potência física mas também na sua inteligência na forma como buscou a final. E não foi fácil, aliás como se esperava...
A primeira partida correu bem ao espanhol que foi superior nos 42 minutos que durou o parcial. Aproveitando a forma como o sérvio entrou no encontro - ofereceu vários pontos de borla ao mallorquino -, Nadal aproveitou 2 das 3 oportunidades de break para cimentar uma superioridade sempre importante nestes "duelos". Ele que colocou 58% de primeiras bolas apenas perdeu 3 pontos no seu serviço (nessas circunstâncias), ele que apenas tinha cedido por uma ocasião o seu saque ao longo da quinzena em Nova Iorque (e para Gasquet, nas meias-finais).
Todavia, o segundo set foi bastante diferente. Novak Djokovic surgiu bem mais acertivo e também agressivo. Mais dentro do court, Nole aproveitou 2 das 4 oportunidades de break e igualou a contenda. Depois de uma inacreditável jogada com 54 (!!) trocas de bola no 6º jogo, o sérvio conseguiu uma vantagem que viria a ser decisiva, colocando assim um set para cada lado.
O sempre importante 3º set, o nº 1 mundial aproveitou a embalagem do set anterior e cimentou uma superioridade que acabou por se revelar demasiado prematura. Com dupla oportunidade de duplo break a 3-0, o sérvio viu o espanhol dar a volta aos acontecimentos, muito por força da sua vontade e solidez mental. No 9º jogo, a 0-40, o mallorquino salvou 3 break points debaixo de uma pressão incrível, um deles através do seu 1º às (e único) no encontro, e logo a seguir no "saque" de Novak sentenciou a partida.
O maior "duelo" da história do ténis (na era Open), chegou ao 4º set, com Nadal em superioridade (principalmente mental), e Djokovic ainda que longe de derrotado, algo pensativo. De salvar de novo break-points no 1º jogo do 4º set, Nadal passou a 0-40 no "saque" do sérvio no 2º jogo, não desperdiçando a oportunidade para conseguir uma vantagem preciosa. A resistência do nº 1 mundial acabou no 5º jogo, com um erro na rede e em sequência um duplo break abaixo. Nadal não desperdiçou tal vantagem e ao cabo de 40 minutos na 4ª partida "assinou" mais uma vitória incrível, conseguindo aproveitar 7 das 12 oportunidades de break, numa final em que colocou 27 winners e cometeu 20 erros não forçados. Na 12ª vez em que a final do US Open foi discutida entre os dois primeiros cabeças-de-série, Novak fez as despesas do encontro, com 46 pontos ganhantes e 53 erros directos, não chegando para resgatar novo Grand Slam para o seu pecúlio. Este foi o 37º encontro entre os dois rivais, registando-se agora 22 vitórias do "pupilo" de Toni Nadal contra 15 do sérvio e nº 1 ATP.
Stanislas Wawrinka o primeiro dos outros; Gasquet a eterna esperança
Numa análise mais a frio da segunda semana da competição, houve várias circunstancias a registar. Além de Novak Djokovic e Rafael Nadal eternizar um "duelo" na Era Open que está longe de estar fechada, o ténis praticado por alguns (outros) protagonistas não deverão passar em claro. Para mim, Stanislas Wawrinka foi o primeiro dos "outros", com exibições fabulosas, como aquela que "brindou" Thomas Berdych, ainda nos oitavos-de-final, mas a mais "cintilante" diante do então campeão de 2012, Andy Murray. É certo que caíu aos pés do nº 1 mundial (nas meias-finais e em 5 sets) mas nos dois primeiros sets superiorizou-se ao sérvio, praticando um ténis espectacular, não só da sua "estética" esquerda mas também da sua forte direita. Deverá estar orgulhoso da sua prestação... O outro semifinalista da prova, Richard Gasquet, também merece uma palavra ainda que não tenha chegado ao nível de Wawrinka, mas esteve igualmente bem. O seu percurso até às meias-finais foi valoroso, não tanto como o de Wawrinka, mas ultrapassou Milos Raonic (aqui talvez a sua melhor exibição em Nova Iorque), e depois sempre diante do "raçudo" David Ferrer. A superioridade técnica do francês fez maravilhas diante da consistência de Ferrer, em hard court, que como se sabe não é tão eficaz como por exemplo na terra batida...
As desilusões... Federer e Del Potro
Da mesma fora como surgem as boas surpresas, existem as figuras mas pela negativa. Dois ex-campeões do US Open caíram muito cedo, e na circunstância Roger Federer foi mesmo um escândalo, dado não só o seu opositor (Tommy Robredo), mas na circunstância da derrota em três sets ter sido registado em Hard Court, superfície longe de ser a mais conveniente para o espanhol. Até aí, é certo que Federer não teve verdadeiramente um real teste mas vinha conseguindo exibições q.b. Todavia, uma exibição desastrada proporcionou ao tenista do país vizinho vencer o tetra-campeão do US Open pela primeira vez na carreira.
O suiço dá mostras de maior lentidão durante os encontros, e dá sinais cada vez mais frequentes de ter passado na realidade a sua "época". A interrogação sobre o seu eventual 18º Grand Slam prolonga-se e é evidente a perca de estatuto perante oponentes até agora incapazes de o vencer.
Por seu turno, Del Potro, "caíu" aos pés de outro ex-nº 1 mundial, Lleyton Hewitt. O sempre valoroso jogador australiano está aí para as curvas, ele que venceu a "Torre de Tandil" num encontro espectacular com o seu ténis negociado do fundo do court mas com uma raça incrível... Um jogador sempre delicioso de o ver jogar... e vencer.
Portugueses: João Sousa, o "Afonso Henriques" em... Nova Iorque
O contingente português este ano estava limitado a João Sousa, mas que papel fez o vimaranense... Se é verdade que o sorteio não o beneficiou de inicio - calhou-lhe em sorte Grigor Dimitrov, cs nº 25, o que é certo é que o português superou-se. Um encontro discutido em 5 sets catapultou-o para um torneio excelente. Depois de ter batido em cinco sets o namorado de Maria Sharapova - não, não é só conhecido no circuito devido a essa circunstância (lembro que é apelidado no circuito como o "Little Federer" -, João Sousa seguiu em frente, e não contente com uma vitória excelente, derrotou também em cinco parciais o finlandês, nº 40 ATP, Jarkko Nieminen. É certo que o finlandês não está no auge da sua carreira mas a experiência também conta, aliás, como este ano é comprovado com elevado número de títulos para jogadores com mais de... 30 anos no circuito. Sintomático... Depois dessas duas históricas vitórias, Sousa enfrentou no Arthur Ashe Stadium, em sessão nocturna (não, não é para todos), o nº 1 mundial, Novak Djokovic. É certo que venceu 4 jogos (um deles no saque do sérvio), mas foi uma experiência para o....futuro.
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