quarta-feira, 10 de abril de 2013

Frederico ao Raio-X (II parte)

Hoje, temos um especial sobre a carreira de Frederico Gil. Depois de uma primeira parte do trabalho onde descrevemos as últimas vicissitudades da carreira do tenista sintrense, acumulado de uma opinião pessoal (recorde aqui), a segunda parte do artigo traz a opinião de três pessoas ligadas mais directamente à modalidade. Bernardo Mota (ex-campeão nacional, técnico de ténis, e comentador da Eurosport), Tânia Couto - ex-campeã nacional e actual comentadora da Sporttv -, e Valter Martins (jogador do Club Nun´Alvares, ex-nº 18 nacional e detentor de vários títulos em veterenos com mais de 35 anos) deixam a sua opinião. As três perguntas efectuadas foram as seguintes...
 
1) Como vê o actual momento da carreira de Gil?
2) Com 28 anos, pode-se dizer que o melhor momento da carreira do tenista sintrense já passou?
3) Quais as suas expectivas para a sua restante carreira?
 
Referindo-se ao momento de Gil, Bernardo referiu:"todos os atletas têm fases menos boas e o Frederico não é exceção.Está a atravessar um momento de menor confiança. Esse facto reflete-se naturalmente nos resultados e logicamente no ranking." Quanto à segunda questão, o ex-treinador de Fred disse: "Dependerá essencialmente dele próprio essa resposta. Tem um passado com grandes resultados e poderá voltar ao seu melhor se trabalhar com dedicação e sem lesões." Quanto às expectativas futuras considerou: "Tendo sido nº 62 ATP, essa será a sua maior referência mas pensar passo a passo será a melhor estratégia. Alcançar o seu melhor e depois refazer objectivos. O passado não ganha jogos e terá que encarar o seu ranking actual como uma realidade e trabalhar diariamente para voltar ao seu melhor. As qualidades estão intactas. Se as explorar da melhor maneira, voltará a ser tão bom ou melhor do que foi mas com base no mesmo Frederico da Final do Estoril Open, Monte Carlo e outros resultados que mostraram o melhor do atleta".
 
Depois da sua participação na Taça Davis defendendo as cores portuguesas frente à Lituânia, Fred prepara-se para regressar no ATP 1000 de Monte Carlo ou no challenger italiano de Roma. Para Tânia Couto, o tenista português tem tudo para regressar em grande. Quanto ao seu momento, a actual comentadora da Sporttv disse: "O Frederico Gil está neste momento a passar uma fase com menor sucesso em termos de resultados como acontece com tantos outros tenistas profissionais, nada de muito preocupante... A queda em termos de ranking vai obrigar certamente a uma passagem por torneios Challanger, duríssimos é certo mas que também permitirão recuperar confiança e ritmo competitivo. Na verdade é extremamente complicado para qualquer tenista manter um nível ascendente ao longo de toda a sua carreira, quanto mais natural for encarada esta questão mais fácil será de a ultrapassar". Quanto à eventualidade de Gil ter ultrapassado o seu melhor momento da carreira mencionou: "Considero que será um pouco prematuro essa conclusão. Olhando para os tenistas portugueses que de alguma forma fizeram carreira como tenistas profissionais os melhores momentos não aconteceram nos primeiros anos de circuito. E esse é ainda um dos problemas estruturais da competição em Portugal, em especial no ténis feminino. O numero de jovens tenistas é ainda pequeno e por isso a competição é menos exigente em comparação com outros países. Cada vez mais trabalha-se melhor em Portugal mas a maior parte dos tenistas que apostam numa carreira profissional aprendem verdadeiramente a competir mais tarde nas primeiras temporadas nos circuitos profissionais. Por essa aprendizagem começar mais tarde é perfeitamente natural que só com mais "idade" se consiga atingir a excelência! Relativamente ao Frederico Gil a sua experiência pode e será porventura uma ajuda para recuperar o nível que já atingiu. Um bom resultado pode ser o suficiente para o catapultar de novo para os cem primeiros". Quanto às suas próprias expectativas afirmou: "Recuperar em termos de classificação é perfeitamente exequível!!".
 
Nos últimos dias foi possível saber que o tenista português tem vindo a debater-se com uma doença conhecida como doença ou transtorno bipolar. Para saber mais sobre essa doença veja aqui (artigo Wikipedia).
 
 Independentemente dessa doença, a opinião quanto ao momento do sintrense de Valter Martins é a seguinte: "O actual momento da carreira de Frederico Gil não se pode dizer que é exatamente a melhor, ou seja, está bastante longe da época que atingiu o 62º lugar do ranking ATP em Abril de 2011. Não é certamente por acaso, que durante um determinado tempo, deixou de pertencer e ser selecionado para as provas da Taça Davis. Penso que ainda tem cultura tenística para fazer grandes exibições nomeadamente no panorama internacional, mas para atingir ou até mesmo ultrapassar novamente o seu ranking pessoal na hierarquia do ténis mundial, será certamente muito complicado." Quanto à segunda questão, o ex-nº 18 nacional afirmou: " É uma pergunta um pouco complexa de responder, porque existem vários fatores a ter em conta, mas analisando a sua idade e principalmente atendendo ao espírito competitivo do jogador em questão, parece-me que de facto o seu melhor momento como desportista ao mais alto nível, isto é, falando em relação ao topo da sua carreira, já passou. Existem situações pontuais, como o caso de Thomas Muster, que precisamente com 28 anos foi nº1 do ranking ATP, mas são situações isoladas que não está ao alcance de qualquer um. Por último as expectativas quanto ao futuro: "Gostaria que ainda tivesse a possibilidade de jogar o quadro principal de alguns Grand Slams e torneios designados MASTERS 1000, que são...digamos...o expoente máximo dos torneios internacionais. Passar uma ou duas rondas nesse tipo de torneios, penso que neste momento e atendendo às suas capacidades físicas/psicológicas já se poderia dizer que seria um grande feito. De qualquer forma vamos certamente estar todos a torcer para que no Portugal Open possa reaparecer ao seu mais alto nível e quem sabe atingir mais uma vez a tão desejada final, esse feito notável já alcançado em Maio de 2010.
 
Uma última nota, para agradecer publicamente aos três entrevistados pela sua amabilidade e disponibilidade para responderam às questões solicitadas, as que serviram de base a este especial. 

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